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Mostrando postagens de dezembro, 2021

30/12 - San Diego

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Mais um daqueles dias de passar uma hora dentro do ônibus para, ao chegar no  destino, perceber que daí a 10 minutos já é hora de tomar o caminho de volta, para mais 1 hora dentro do ônibus. Ou quase. Pela manhã, às custas de 3 baldeações, conseguimos chegar a Point Loma, ver um museuzinho, fazer uma caminhada simpática. No caminho, mais uma das tendas de testagem gratuita para covid. Fizemos de novo, claro, há segurança nos números. Mais uma vez, zero fila, atendentes simpáticos, assertivos, uma maravilha. E por isto mesmo a suspeita ia fermentando... quando a esmola é demais... Se o resultado de ontem não chegasse no e-mail, provavelmente o de hoje tampouco chegaria. Então, não era afinal demais fazer um terceiro teste numa outra instituição que também o oferecia. Uma hora para ir, uma para voltar, e, no lugar, uma fila monstruosa dobrando a esquina! A pessoa com quem conversamos já estava lá há 5 horas aguardando. Estranhíssima a discrepância entre os dois se

29/12 - San Diego

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Mais uma noite passada e maldormida num ônibus da Greyhound entupido de gente tossindo. Se eu voltar a pegar covid, acho que as chances de não positivar no exame até a volta são boas, mas com que cara vou poder voltar a insistir com meu pai minion que não aglomere, que seja responsável, que o coronavírus, ao contrário do gado, não acredita em tudo o que recebe pelo whatsapp? Chegando em San Diego, uma inusitada surpresa: depois de horas e horas perdidas ao longo dos dias pesquisando frustradamente onde conseguir o maldito teste de covid para embarcar de volta, encontrando tudo quanto é canto fechado ou sem horários para agendamento, por conta do ano novo, ou com o laboratório do aeroporto cobrando 200 dólares por um teste rápido, com o esfíncter tão contraído de pânico que quase ultrapassava o limite de Schwarzschild e se tranformava num buraco negro (ou melhor, se tornava negro, porque buraco há muito tempo ele já é), assim que saímos do busão demos de cara com uma

28/12 - Phoenix

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E nesta viagem cagada do caralho de merda da porra, hoje pela primeira vez fizemos um daqueles programas que realmente têm cara de turismo, daquelas coisas que a gente sai de casa pra ir pro outro lado do mundo pra fazer, e foi meio sem querer. Tinha um monte lá no meio da cidade, e uma trilha para subir nele, por que não dar uma passadinha por lá? No final, era um dos pontos mas frequentados da cidade, com centenas de visitantes se enfileirando para fazer uma escalada que os informativos do local alertavam ser extremamente desafiadora, e, comemoro, a trilha não desapontou! Escalada de macho, feita no limite do que é possível sem equipamentos ou treinamento específico. Me transportou de volta ao Kata Tjuta de dois longos anos atrás, mas com nível 30 de dificultade, com uma tonelada a menos de mosquitos tentando entrar em meus orifícios faciais e sem aquele sol incandescente fulminando minha epiderme besuntada por aquela meleca de protetor solar. O resto do dia f

27/12 - Phoenix

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Aqui na terra de Marlboro, a questão fundamental para decidir se a vida fede repulsiva e repugnantemente ou se apenas e tão somente não presta é: o copo está meio cheio ou meio vazio? A noite a caminho de Phoenix foi especificamente maldormida, mas pelo menos o busão saiu no horário. Chegamos cedo ao hotel, e tivemos que passar umas duas horas bundando na recepção até liberarem o quarto, mas pelo menos deu pra filar um café da manhã inopinado na faixa. Mas a mais promissora notícia foi descobrir um parque de diversões aberto! Meio de segunda divisão, mas, enfim... Ia rolar montanha-russa nesta viagem, afinal! Depois de pagar 40 contos por cabeça, descobrimos um parquinho pequenininho, com os brinquedos todos espremidos, o trilho da montanha russa passando em cima do carrinho bate-bate, numa compactação semelhante àquela que minha calça experimenta cada vez que penso na Ana Paula Arósio....Tá, vai, experimentava, uns 20 anos atrás. Agora, faz é vácuo... Foi como

26/12 - Albuquerque

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Mais um dia de escolhas pouco talentosas empobrecendo a experiência turística, quando não há ninguém da American Airlines, Greyhound ou Amtrak para fazê-lo por nós. O dia começou com a apreensão sobre o que fazer com as infames mochilas, porque a gordinha do motelzinho de filme de assassinato de beira de estrada (neste caso, a rota 66) onde ficamos havia dito que não poderia guardá-las para nós após o check-out. Mas a coleguinha dela do plantão hoje, com uma cara de quem havia acabado de apanhar do marido, permitiu. Para prestigiar os produtos locais, decidimos começar o dia com o centro cultural dos pueblos indígenas. 10 contos pra ver, como diria o capitão, cada um dos índios pesando no mínimo 5 arrobas, fazendo umas dancinhas com uma cara de tédio penetrante, profundo, aquele banzo da futilidade de existir. No museu, uns vasos de barro e congêneres exibidos com postura de orgulho e altivez. É a cultura de um povo, plenamente legítima, mas tudo me

25/12 - Albuquerque

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E depois de 16 horas-bunda e véspera de natal passada num trem, com café da manhã de cookies e capuccino de supermercado e almoço de salgadinho e um suco de cereja de supermercado enjoativamente doce, o jantar ao menos precisava ser decente.  Desta vez, pelo menos, o trem havia saído no horário, e chegou até uns 15 minutinhos antes!  Pouco tempo para tentar ver alguma coisa da cidade antes de escurecer, e sim, vocês já adivinharam pelo que escrevi no parágrafo acima: tudo absolutamente fechado por ser natal. A ndamos, andamos e andamos, sem nenhuma lanchonete ou restaurante aberto pelo caminho, para chegar ao centro velho turístico da cidade. Com todo o comércio devidamente fechado, assim como a própria igrejinha que é o epicentro da região. Ao  seu redor vagava, como nós, uma meia dúzia de pessoas, também meio zumbizando sem saber bem onde colocar as mãos, e trocávamos todos, uns com os outros, aquele olhar meio constrangido de "mas que merda e

24/12 - Kansas City

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Como diria o porteiro de meu prédio, "eita, porra"! Kemper Museum for Contemporary Arts: fechado para o natal. Nelson-Atkins Museum of Art: fechado para o natal. Então mais uma vez o turismo ficou limitado a flanar pela cidade, com a apreciação de sua bela paisagem tisnada por aquele travo de "mas que merda" atravessado na garganta. Passamos por um centrinho comercial com aquela imponência difícil de descrever que só os centros comerciais americanos têm (provavelmente pela ausência das lojas Havan, mas isto deve mudar se acontecer um segundo mandato...), comemos num daqueles diners americanos de aparência decadente um hambuguer murchinho, fininho, com uma daquelas garçonetes white trash que demoram 40 minutos pra te atender porque estão no maior papo com o cliente da mesa ao lado, de olho na gorjeta. mas puxou papo com a gente também, levou o celular pra dar uma carguinha, e funcionou, porque faturou dois dólares de caixinha nossa.

23/12 - Kansas City

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Um dia um tanto mortiço hoje, com poucas coisas para ver, e depois de um café da manhã meio pantagruélico no hotel, então também sem nem muita vontade de comer. Ficamos zanzando pra lá e pra cá, sem pressa, enfiando a cara em qualquer vitrine, procurando o que fazer, até chegar a hora do show de rock do dia seguinte. Este, conquanto pago, a Amtrak não nos faria perder. Entramos mais tarde numa sorveteria, com uma inusualmente longa fila, o que me deu bastante tempo para sofrer com a conversão do que os 3,50 dólares por bola me custariam.  E então, subitamente, sem aviso, sem sequer o aroma de mirra, incenso, quartzo ou feldspato se insinuando por sobre nossos ombros, ocorreu aquele momento em que a Graça do Senhor se faz presente, toda a existência se inunda de luz e bondade, e, se fosse possível o Espírito Santo estar ainda mais presente, provavelmente eu o sentiria tentando beliscar minha nádega: hoje era dia de sorvete grátis na loja! Uma bola de um sorvete d