29/12 - San Diego

Mais uma noite passada e maldormida num ônibus da Greyhound entupido de gente tossindo. Se eu voltar a pegar covid, acho que as chances de não positivar no exame até a volta são boas, mas com que cara vou poder voltar a insistir com meu pai minion que não aglomere, que seja responsável, que o coronavírus, ao contrário do gado, não acredita em tudo o que recebe pelo whatsapp?
Chegando em San Diego, uma inusitada surpresa: depois de horas e horas perdidas ao longo dos dias pesquisando frustradamente onde conseguir o maldito teste de covid para embarcar de volta, encontrando tudo quanto é canto fechado ou sem horários para agendamento, por conta do ano novo, ou com o laboratório do aeroporto cobrando 200 dólares por um teste rápido, com o esfíncter tão contraído de pânico que quase ultrapassava o limite de Schwarzschild e se tranformava num buraco negro (ou melhor, se tornava negro, porque buraco há muito tempo ele já é), assim que saímos do busão demos de cara com uma tendinha de testagem grátis. Três minutinhos, pessoal supersimpático, cotonete superpequenininho e entrando pouquinho, igual meu birigüi. A coisa correu tão bem que já estou tentando antecipar o que vai acabar dando errado. O resultado não chegar? Vir positivo? Acabar diagnosticando que tenho AIDS?
Finalmente, pela primeira vez na viagem, estamos em um lugar que pode ser chamado, senso estrito, de cidade. Com bom adensamento populacional, montes de lojas abertas, carros e gente na rua, tudo isto que nos parece tão natural, mas que percebemos não ser ponto pacífico quando visitamos tantas capitais de estados que são basicamente dois ou três quarteirões com três lojinhas e uns dois restaurantes, cercados por quilômetros de terrenos baldios, rasgados por rodovias, com uma coisinha aqui e outra ali, atė chegar ao distante hotel.
Mais um dia chuvoso na viagem. Não catastroficamente, mas suficiente para encharcar o tênis superpermeável e respirável, e tirar um tanto a graça da experiência do parque mais simpático que já tive a oportunidade de visitar em minhas tantas andanças, o Balboa Park. 
E pra arrematar, cinema com mais uma versão de Macbeth, com aquele texto meio gongórico, floreado, metafórico, antigo e, cá entre nós, bem chatinho, de meu amigo William, então boiei legal. Em dólar.

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