25/12 - Albuquerque

E depois de 16 horas-bunda e véspera de natal passada num trem, com café da manhã de cookies e capuccino de supermercado e almoço de salgadinho e um suco de cereja de supermercado enjoativamente doce, o jantar ao menos precisava ser decente. 
Desta vez, pelo menos, o trem havia saído no horário, e chegou até uns 15 minutinhos antes! 

Pouco tempo para tentar ver alguma coisa da cidade antes de escurecer, e sim, vocês já adivinharam pelo que escrevi no parágrafo acima: tudo absolutamente fechado por ser natal. Andamos, andamos e andamos, sem nenhuma lanchonete ou restaurante aberto pelo caminho, para chegar ao centro velho turístico da cidade. Com todo o comércio devidamente fechado, assim como a própria igrejinha que é o epicentro da região. Ao seu redor vagava, como nós, uma meia dúzia de pessoas, também meio zumbizando sem saber bem onde colocar as mãos, e trocávamos todos, uns com os outros, aquele olhar meio constrangido de "mas que merda eu vim fazer aqui?"...

Retomamos então a epopéia da busca por onde jantar decentemente, em vez de simplesmente voltar ao hotel e ter que se contentar com terminar o pacote de salgadinho desta tarde. 8 km  andando por acostamentos escuros de rodovias desertas, cruzando apenas ocasionalmente com um ou outro daqueles mendigos empurrando um carrinho de supermercado cheio de tranqueiras de filme americano, para chegar ao local que estava oferecendo uma "ceia de natal": peru, presunto, purê de batata, molho de cranberry e, a mais aberrante abominação, torta de abóbora. Por 18 dólares. Exatamente como aquele jantar de natal medonho na casa daquela tia de terceiro grau cujo nome você nem sabe, mas sem a parte da oração quando dá meia-noite. 8 km indignados andando de volta, então, para no final acabar encontrando um restaurante árabe aberto a 1 km, e comer um schwarma protocolar.
No caminho de volta, ainda encontrei mais um chocolate no chão, inacreditavmente o terceiro desta viagem. Se for verdadeira minha hipótese de que Deus te dá um agradinho como este pra te relaxar, te deixar molinho, e então introduzir com gosto aquele metro e meio de jeba cósmica no seu orifício excretor, não quero nem imaginar o que me aguarda amanhã.

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