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01/01 - Las Vegas (epílogo)

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E agora, fazendo o balanço, eita viagenzinha enfiada na bunda! Ainda assim, melhor do que não ter feito nada, e ficado em casa passando calor, sentindo pena de mim mesmo por alguma coisa, motivos não faltam quando a vontade é grande, e economizando a pequena fortuninha que esta tragicomédia me custou, pra deixar de herança pra minha irmã antivax que certamente nada fez para merecê-la. As grandes vilãs da viagem foram as mochilas, as distâncias, a covid. Viajar sem bagagem não seria possível, mas não usei um terço das roupas que trouxe, inclusive meu impagável macacão jardineira, que eu pretendia tirar do ostracismo nesta viagem. Uma mochila com metade do peso teria sido viável, trazer este monte de roupas de frio a mais foi tipo um seguro que não precisou ser usado, mas, por falar em seguros, tampouco me fiei em outro que não aquele oferecido pela compra do bilhete aéreo. Por outro lado, se tivesse pago por um outro plano menos furreca, teria tido o gosto de receber uma gra

31/12 - Las Vegas

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O que foi que eu disse? Dos DOIS testes colhidos em San Diego, nem sombra dos resultados. Não respondem e-mails, o telefone cai em uma caixa postal. O dia começou bem antecipadamente, com o sono ruim dentro do bumba sendo interrompido pela comoção de um dos inenarráveis passageiros da Greyhound sendo sumariamente expulso do ônibus, em plena rodovia no meio do nada, porque resolveu se mostrar buliçoso com as partes pudendas da mocinha sentada ao seu lado. Chegando aqui um pouco antes das 6 da manhã, resolvemos ir direto colher agora um teste rápido de covid lááá longe na casa do caralho. Bacaninha, sem filas, e este resultado de fato chegou uma hora depois. Mas, como o voo de amanhã sai às 13:00, foi colhido umas 28, e não 24 horas antes do embarque, e portanto, não aceito pelo programinha de verificação de pré-requisitos para a viagem. Ao chegar ao hotel, uma pocilga bem meia boca, e ainda assim o preço mais alto da viagem, nada da recepc

30/12 - San Diego

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Mais um daqueles dias de passar uma hora dentro do ônibus para, ao chegar no  destino, perceber que daí a 10 minutos já é hora de tomar o caminho de volta, para mais 1 hora dentro do ônibus. Ou quase. Pela manhã, às custas de 3 baldeações, conseguimos chegar a Point Loma, ver um museuzinho, fazer uma caminhada simpática. No caminho, mais uma das tendas de testagem gratuita para covid. Fizemos de novo, claro, há segurança nos números. Mais uma vez, zero fila, atendentes simpáticos, assertivos, uma maravilha. E por isto mesmo a suspeita ia fermentando... quando a esmola é demais... Se o resultado de ontem não chegasse no e-mail, provavelmente o de hoje tampouco chegaria. Então, não era afinal demais fazer um terceiro teste numa outra instituição que também o oferecia. Uma hora para ir, uma para voltar, e, no lugar, uma fila monstruosa dobrando a esquina! A pessoa com quem conversamos já estava lá há 5 horas aguardando. Estranhíssima a discrepância entre os dois se

29/12 - San Diego

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Mais uma noite passada e maldormida num ônibus da Greyhound entupido de gente tossindo. Se eu voltar a pegar covid, acho que as chances de não positivar no exame até a volta são boas, mas com que cara vou poder voltar a insistir com meu pai minion que não aglomere, que seja responsável, que o coronavírus, ao contrário do gado, não acredita em tudo o que recebe pelo whatsapp? Chegando em San Diego, uma inusitada surpresa: depois de horas e horas perdidas ao longo dos dias pesquisando frustradamente onde conseguir o maldito teste de covid para embarcar de volta, encontrando tudo quanto é canto fechado ou sem horários para agendamento, por conta do ano novo, ou com o laboratório do aeroporto cobrando 200 dólares por um teste rápido, com o esfíncter tão contraído de pânico que quase ultrapassava o limite de Schwarzschild e se tranformava num buraco negro (ou melhor, se tornava negro, porque buraco há muito tempo ele já é), assim que saímos do busão demos de cara com uma

28/12 - Phoenix

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E nesta viagem cagada do caralho de merda da porra, hoje pela primeira vez fizemos um daqueles programas que realmente têm cara de turismo, daquelas coisas que a gente sai de casa pra ir pro outro lado do mundo pra fazer, e foi meio sem querer. Tinha um monte lá no meio da cidade, e uma trilha para subir nele, por que não dar uma passadinha por lá? No final, era um dos pontos mas frequentados da cidade, com centenas de visitantes se enfileirando para fazer uma escalada que os informativos do local alertavam ser extremamente desafiadora, e, comemoro, a trilha não desapontou! Escalada de macho, feita no limite do que é possível sem equipamentos ou treinamento específico. Me transportou de volta ao Kata Tjuta de dois longos anos atrás, mas com nível 30 de dificultade, com uma tonelada a menos de mosquitos tentando entrar em meus orifícios faciais e sem aquele sol incandescente fulminando minha epiderme besuntada por aquela meleca de protetor solar. O resto do dia f

27/12 - Phoenix

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Aqui na terra de Marlboro, a questão fundamental para decidir se a vida fede repulsiva e repugnantemente ou se apenas e tão somente não presta é: o copo está meio cheio ou meio vazio? A noite a caminho de Phoenix foi especificamente maldormida, mas pelo menos o busão saiu no horário. Chegamos cedo ao hotel, e tivemos que passar umas duas horas bundando na recepção até liberarem o quarto, mas pelo menos deu pra filar um café da manhã inopinado na faixa. Mas a mais promissora notícia foi descobrir um parque de diversões aberto! Meio de segunda divisão, mas, enfim... Ia rolar montanha-russa nesta viagem, afinal! Depois de pagar 40 contos por cabeça, descobrimos um parquinho pequenininho, com os brinquedos todos espremidos, o trilho da montanha russa passando em cima do carrinho bate-bate, numa compactação semelhante àquela que minha calça experimenta cada vez que penso na Ana Paula Arósio....Tá, vai, experimentava, uns 20 anos atrás. Agora, faz é vácuo... Foi como

26/12 - Albuquerque

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Mais um dia de escolhas pouco talentosas empobrecendo a experiência turística, quando não há ninguém da American Airlines, Greyhound ou Amtrak para fazê-lo por nós. O dia começou com a apreensão sobre o que fazer com as infames mochilas, porque a gordinha do motelzinho de filme de assassinato de beira de estrada (neste caso, a rota 66) onde ficamos havia dito que não poderia guardá-las para nós após o check-out. Mas a coleguinha dela do plantão hoje, com uma cara de quem havia acabado de apanhar do marido, permitiu. Para prestigiar os produtos locais, decidimos começar o dia com o centro cultural dos pueblos indígenas. 10 contos pra ver, como diria o capitão, cada um dos índios pesando no mínimo 5 arrobas, fazendo umas dancinhas com uma cara de tédio penetrante, profundo, aquele banzo da futilidade de existir. No museu, uns vasos de barro e congêneres exibidos com postura de orgulho e altivez. É a cultura de um povo, plenamente legítima, mas tudo me