20/12 - Saint Louis
E meu boné de trumpista está fazendo sucesso! As pessoas olham assim meio de canto, algumas procuram puxar uma conversinha, na média sou mais bem tratado, como se fosse um bom americano.
Ontem, na rodoviária, fui chamado num cantinho pelo segurança, que num primeiro momento achei que ia me dar alguma dica sobre onde guardar mochilas ou algo assim, mas na verdade só queria mesmo dizer como gostava muito do boné que eu estava usando. Me deu um cumprimento de soquinho, como se fosse um daqueles gestos secretos entre membro da Ku Klux Klan, com um sorrisão todo pimpão no rosto. Se eu tivesse vindo com meu boné de "Marielle, uma a menos" ou o de "E daí, não sou coveiro", com decalque de arminha e tudo, acho que o cara teria ejaculado uma poça de enxofre ali, na minha frente.
Saint Louis é bonitona, naquele estilo de uma ou duas ruas que se assemelham a algo como uma real cidade e um monte de espaço vazio, com poucos transeuntes na rua e sem nada acontecendo, no qual caminhar muito e muito até chegar a algum lugar de interesse, mas mesmo assim com um belo panorama ao redor. E hoje teve até bônus: uma perseguição policial passa bem ao nosso lado. O meliante entra à direita numa rua de mão única, tentando fugir do agente da lei e da ordem, e enfia o nariz num outro carro lá parado aguardando o farol abrir, deixando ali uma mocinha atônita e provavelmente mais emputecida do que nós até o momento nesta viagem, subitamente pensando que bandido bom é bandido morto, e com vontade de se mudar para o Brasil só pra poder votar no capitão, ou em nosso governador sopranino, pelo menos em sua fase bolsodória. Saem do carro correndo dois marginais, que o policial, meio gordinho e fora de forma, como estarei também eu ao fim desta viagem, passa a perseguir. O menino do banco dos passageiros desaparece, em direção ao oblívio de alguma boca de crack americana, mas minutos depois seu puliça volta com o outro bandido algemado, enquanto a mocinha continua lá no carro em estado de choque, pensando que, se estivesse dirigindo um veículo da American Airlines, este teria sido cancelado, e não teria sido abalroada.
Em Saint Louis, um jardim zoológico gratuito, e, que bom, porque 80% dos bichos estavam inacessíveis, escondidos na caverna de suas jaulas, fugindo do frio, um museu de ciências meio pueril, pra crianças ficarem brincando com aquelas exposições interativas meio quebradas de museus deste tipo, um monte de rodovias incrustradas entre um quarteirão e outro enchendo o saco para serem atravessadas, um metrô de validar bilhetinho que ninguém fiscaliza e o arco, sem dúvida imponente, mas no qual tem que pagar para subir, claro.
No hotel, ou melhor, um real e enorme apartamento alugado por dia, que teria sido o ponto alto de hotelaria da viagem, a internet não funciona, e lá vou eu brigar por telefone, falando em meu inglês cada vez mais atrófico com aquela atendente falando em seu mais caprichado e incompreensível dialeto estilo Pai Tomás, e insistindo que não era seu wi-fi o problema, mas nossos quatro aparelhos eletrônicos que haviam resolvido não funcionar ao mesmo tempo. Enquanto o modem dela ficava dando tilt, desligando e religando ali bem em frente aos meus olhos.
Amanhã seria dia de parque de diversões. Desde o início do planejamento da súbita viagem, minha preocupação era como chegar a pé lá naquela coisa incrustada numa rodovia a uns 50 km da capital. Não há mais esta preocupação. Acabo de descobrir que o parque está abrindo só uns 3 dias por semana, e fechado amanhã. Desta veu eu ia ser todo esperto, tinha até comprado plasil pra não ficar enjoado nas montanhas russa, mas me fodi. Chupa de novo, Aderbal.
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