18/12 - Memphis
Pronto, cheguamos nesta merda!
Com um dia a menos e só umas 6 horas pra dar um jeito de fazer alguma coisa nesta cidade, depois de descobrir onde desovar as mochilas, claro.
Enquanto aí na Bolsolândia o capitão fica forçando a barra pra deixar os covídicos ômicron entrarem alegremente, e meu lastimável colega Queiroga defende o direito à liberdade de contaminar a sua tia-avó velhinha (aliás, já repararam na expressão triste e desalentada de figuras como o Queiroga e o Paulo Guedes, que parecem zumbis regurgitando o que lhes ordenam que seja dito? Pra mim, a ABIN sabe o que fizeram nos carnavais passados, possivelmente com o Aristides, e permanecem chantageados no governo), aqui em em Bidenland a gente tropeça em pessoas presenteando testes de covid grátis pelos corredores do aeroporto. Ainda assim provavelmente vamos ter que pagar pelo teste na farmácia, porque estes que ganhamos são que nem masturbação: dá pra fazer sozinho e cumpre o objetivo, mas não produz laudo pra apresentar pra companhia aérea que logo em seguida vai cancelar seu voo.
A rotina alimentar até aqui regada a fartos vouchers para comer nos restaurantes do aeroporto (ontem com direito a uma bizarra lasanha frita) e comida de avião (que, inesperadamente, tinha uma lasanha mais gostosa do que aquela, de um tal Olive Garden), e a consequente ida pras picas de minha tão batalhada dieta, me faz pensar no constante perde-perde que são a maioria das escolhas que nos é dado fazer neste cárcere imerecido chamado vida: se mantenho minha dieta, terei pago o equivalente ao resgate de um rei pra vir parar aqui longe e só ficar olhando pra comida, porque ainda não são duas da tarde. Se suspendo a dieta por duas semanas, o que parece razoável, fico sentindo 8 quilos de pandú retornarem instantaneamente à minha silhueta a cada copo de suco que ponho na boca fora do período de jejum. Se resolvo retomar a dieta ao voltar pra vidinha besta cotidiana, sinto agudamente a noção de como é bestinha a vida cotidiana, tão aviltante e desnecessária, com uma barriga que vai e volta, e volta e vai. Parafraseando meu amigo William: apenas uma pança que caminha, cheia de gordura e banha, e que não significa nada.
Chegando à cidade, constatamos aquela coisa plenamente possível, mas com a qual a gente nunca conta: estava chovendo. Então, logo no primeiro dia o casaco de frio e o botinão de trilha superduro e pesando 5 kg cada pé saíram da mala. Conseguimos deixar as mochilas na pútrida estação estação rodoviária, a 8 escorchantes dólares por peça, e decidimos tomar um ônibus para o centro da cidade, o que foi a escolha mais afortunada, porque ao contrário do que sempre parece olhando para o mapa, a distância era imensa, e, pior, a cidade é toda entrecortada por viadutos e rodovias e autoestradas linhas de trem e outros obstáculos, a cada 2 quarteirões, tornando-a absolutamente intransitável para pedestres. Como se São Paulo fosse um enorme e contínuo Cebolão, com alguns metros de calçada espalhados condescendente aqui e ali.
Um resto de dia vendo pouca coisa e tomando chuva direto no agasalho que é am algum grau impermeável, mas não mágico, e ia se encharcando, junto com o resto das roupas. Cu na mão porque se perdêssemos o último ônibus que saía para a distante rodoviária às 4 da tarde, estaríamos fodidos e ilhados num centro de cidade bem deserto, enquanto o ônibus saía sem nós. Mas conseguimos retornar, ensopados, apenas para constatar, coisa inédita, que o ônibus que devia sair às 17:00 estava atrasado, e atrasando e atrasando ainda mais, desta vez por falta de motorista que tivesse vindo dirigi-lo.
Após 3 horas de espera, sem qualquer previsão de chegada de seu sustituto, só a oleosa e purulenta indiferença dos funcionários da companhia (ah, a Greyhound, que não hesita em consistentemente desapontar), sob o assédio da mais baixa e vil escumalha humana que são os frequentadores de rodoviárias americanas, e com, pelo visto, mais uma reserva de hotel, o desta noite, perdida, jogamos a toalha e decidimos marchar para um hotel, o mesmo cuja reserva havíamos perdido na noite passada devido ao cancelamento de saída de SP, e tentar embarcar no primeiro ônibus do dia seguinte. O nosso original, vi depois, só conseguiu sair às 3:30 da madrugada.
I have a drwam muleke!
ResponderExcluirTe ler, sem dúvida alguma, ainda é mais sóbrio que escutar. Fumo um cigarro Black (de canela) e torço pra ser cada vez mais divertido. Ahow pra vc!
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