17/12 - São Paulo (ainda, caralho!)


Sim, amiguinhos, eu disse que ia dar merda...
Ontem, o voo, que deveria sair à 9 e tanto da noite, começou a atrasar. Foram distribuídos prontamente vales para refeição nos restaurantes do aeroporto, e não ficamos tristes por poder jantar melhorzinho do que comida de avião, e chegar um pouco mais tarde para o voo de conexão, sem ter que ficar 3 horas morgando num aeroporto.
Após um macarrão bem medíocre e um doce demasiado doce no sei lá por que bem conceituado Paris 6, comidos meio de atropelo para não perder o embarque reagendado para daí a uma hora, o voo continuou sendo adiado, e adiado, e adiado, até ser definitivamente cancelado à uma da madrugada, e reagendado para a noite seguinte. Adeus um dia de viagem, grave golpe neste meu sempre doido esquema todo amarradinho de uma cidade a cada dois dias, todos hotéis e passagens comprados. E perdida a oportunidade de assistir à (com os ingressos devidamente comprados com antecedência) montagem de Little Shop of Horror que vai ser encenada hoje sem minha tóxica presença entre aqueles caipiras do país da lastimável American Airlines. Estes musicais e óperas e espetáculos que a gente descobre inopinadamente, e que tornam as viagens tão memoráveis. Como minha viagem aos países bálticos em que tanta coisa interessante consegui assistir. Ou como minha passagem por Bonn, onde esbarrei com uma apresentação de Jesus Christ Superstar, que até então eu meio que desprezava, junto com Andrew Lloyd Webber, mas que reconsiderei depois de assistir e acabou anos mais tarde virando meu mais insanamente trabalhoso disco até o momento. Mas hoje, vou estar apenas assistindo algum filme antigo naquela merda de telinha de assento de avião. Se não cancelarem o voo de novo.
Ontem eu escrevi sobre perder dinheiro para ganhar vida. Frequentemente pode-se perder dinheiro e perder vida.


E as mensagens da American Airlines, filhos da puta, até agora são eufemisticamente de um voo "atrasado" até o dia seguinte, e não cancelado. Quando eles atrasam um voo em 24 horas, não o adiam. Enfiam um punho no seu ânus, sem creme hidratante, porque ele ficou retido lá nos raios X, e fica abrindo e fechando a mão até que as unhas apodreçam.


 Depois de confirmado o cancelamento anunciado, a nova epopéia de esperar um tempão para recuperar as mochilas, devidamente encharcadas pela chuva torrencial lá fora e pelo descaso do auxiliar de armazenamento aeroviário, e entrar na quilométrica fila de táxis  que chegavam  cada 15 minutos e saíam com um ou dois passageiros cada, bem devagarzinho, enquanto os pernilongos nos mastigavam alegremente. Às 4 da madrugada, estávamos de volta a SP, num hotel 4 estrelas, mas, e daí, uma cama é só uma cama.


Depois, manhã passada naquela procissão de telefonemas para tentar fazer a United pagar o prejuízo ao menos monetário, já que o causado à alma é inextinguível. E para descobrir que o meu seguro do cartão de crédito não cobre atraso de embarque ou extravio de bagagem e coisa e tal, porque este é meramente platinum, e eu só sou black no senso de humor. 

Já me sinto voltando a engordar, com o rompimento de minha dieta neste período de férias, não para comer alguma coisa gringa interessante, mas salsicha de café da manhã de hotel mesmo. O primeiro café da manhã em uns 6 meses, e foi pão de queijo murcho de bufê de hotel.

Depois à tarde, encheção de linguiça indo ao cinema no Brasil mesmo, para ocupar o tempo de turismo sequestrado de nós, e, na volta ao aeroporto para mais uma tentativa de embarcar, menção honrosa para o Diogo, nosso motorista de táxi na volta e na vinda, um cara cuja genteboíce só é superada pelo peso de seu pé no acelerador.


Teria sido possível conseguir entrar num voo via Miami ontem se as mochilas não tivessem sido despachadas, por causa de uma porcaria de uma tesourinha de unha. Desta vez, resolvi arriscar levar no lombo mesmo e, surpresa, o bocejante carinha do raio X nem tchuns. E a noção da evitabilidade da perda só torna a perda mais emputecedora.

Little House of Horrors tá começando agora. Chupa, Aderbal.

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